quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Boa pergunta Papai Noel

Boa pergunta Papai Noel

Afinal o que é NATAL?
Será que dá para separar dentro da gente o 'cristão' do 'consumidor' ?
Vamos por partes para explicar a equação: a data que celebra o nascimento de Cristo foi determinada pela Igreja Romana uns quinhentos anos depois do nascimento de Jesus. Nas festas cristãs a celebração do nascimento do redentor por certo teve tantas versões quanto os povos que celebravam. 

No século III  viveu na Grécia Nicolau um homem caridoso que distribuia anonimamente a fortuna herdada com os pobres de sua terra. A Igreja usou seu exemplo por séculos, colocando-o na figura de um bispo (por isso a roupa vermelha), determinado 6 de dezembro como dia de caridade (por ser seu aniversário). No século XVII o mito de Santa Claus foi levado aos Estados Unidos - lá a figura do 'bispo católico' virou um 'velhinho bonachão'. O gesto da caridade dos presentes foi associada pela Igreja com a figura do cristo que representa doação.

Em 1931 uma agência americana de publicidade criou a forma em que hoje vemos a figura, baseado num antigo vendedor para uma propaganda da Coca Cola. Assim o Santa Claus deles veio para nós (colônia comercial americana) como nosso Papai Noel. 

Os festivais que comemoramos, as datas que celebramos, as festas que fazemos, têm sempre um visual relativo aos recursos que empregamos - quero dizer: a festa sempre tem a cara de quanto investimos nela. E tudo ia bem por aí até certo tempo atrás*. Quem é mais velho conheceu Natais sem as quinquilharias vermelhas e verdes importadas da China ou seja lá de onde for - é verdade. Quem é jovem pode nem acreditar, mas a gente vivia (e muito bem!!) sem milhões de tralhinhas cotidianas "essenciais".
O tempo atrás* se refere às décadas de 80'/90' onde redes mundiais de comércio descobriram uma nova mina de ouro com filões espalhados pelos quatro cantos do mundo. Foi tudo muito bem arranjado. Primeiro formar comunicadores para vender as idéias, designers para criar as embalagens dos sonhos, contratar criadores de mitos, reunir empresários para bancar os produtos, construir fábricas. Tenho cá para mim que a idéia original partiu de um novo arquétipo social - o Banqueiro. Porque, sem dúvida, nada neste mundo cresceu mais nos últimos anos que os BANCOS (com exceção de algumas igrejas que são bancos travestidos em seitas).
Criada a base - que atende pelo nome de Mídia - fomos invadidos por todos os poros. Finalmente alguém nos garantia o direito do "céu na terra". Não precisamos esperar pelo outro Reino, basta comprar que a felicidade vem junto. Quanto mais caro o presente - tipo assim um carrão, uma super casa, um bolsa de milhares, mais eternos eles garantem os benefícios das beneses.
Para pegar fundo, lá na alma da criança, seja aquela que ainda mora dentro da gente ou a que mora com a gente , alí ao lado, com seus olhinhos brilhantes grudados na tela da TV, botaram o Bom Velhinho de garoto propaganda, sem sequer tirar dele as barbas e a roupa de inverno. E quem consegue se livrar dele quando "presentear" se tornou uma obrigação? Quem não pode dar é quase pecador, sofre culpas e acusações?  Álguém me contou que uma família americana de classe média, gasta mais ou menos umas cinco ou seis horas no dia de Natal só abrindo pacotes!!
Pois é Menino Jesus, parece que a competição desleal tirou seu santo espaço nestes tempos que vivemos. Não que isso importe tanto - há muita loucura no ar, são tempos de guerra suja, de vampiros gananciosos que se alimentam dos sonhos e desejos dos pequenos egos humanos - a gente sabe que isso passa não importa o tempo ou o quanto vai custar em risco social.

O dourado do Seu reino não é feito de purpurina, mas da Luz verdadeira. Os pastores, os animais e os reis magos ao Seu redor na cena da natividade, representam a serenidade, a simplicidade, a sabedoria - presentes que não se compram em lojas. São dons que se aprende a cultivar no seio da família, jóias que se guardam na alma e não em cofres. 
O reinado do Papai Noel porém é transitório, sazonal. No dia seguinte ele já está 'fora de moda' quando o branco e o prata do reveillon tomarem conta das vitrines. E, então, sobra pouco ou quase nada: brinquedos  já quebrados, o carrão (que afinal leva dentro o mesmo eu derrotado), a TVzona que mostra as mesmas idiotoces....
Quem sabe a gente - que é inteligente - pode juntar os dois numa festa só?? Primeiro decide-se quem é o dono da festa e quem é o ajudante. Lugar de honra na casa e no coração para o Menino - monta-se o cenário com a simplicidade de seu tema e suas cores. Fala-se dele às crianças e entre os adultos mostra-se o rspeito e submissão. Depois arranja-se o
vermelho e o verde, o branco e o dourado, o brilho, as luzes pois, afinal é tempo de festa.

Então a gente se lembra do Velho Nicolau e de sua intençao primeira: que no pacote de cada um esteja um presente verdadeiro que seja símbolo do amor, do carinho, do apreço de uns pelos outros. Que presentes também sejam gestos, abraços, palavras que dinheiro algum compra. 
Assim o Natal vai durar muito mais, este espírito vai entrar pelo Ano Novo e nos acompanhar nas férias, no verão ou no inverno, como uma felicidade que enche a alma. 
Ainda temos tempo de preparar um Natal mais verdaeiro - vamos agir!

Namastê 
Ana   

Um comentário:

  1. Bonito, Ana, muito bonito! Seria MUITO bom resgatar o espírito desse Natal que expressa simplicidade, empatia, carinho, onde algo feito com as mãos ou escrito na madrugada, com corações e mentes motivados por uma emoção genuína, poderia resgatar sentimentos adormecidos e levar-nos a uma reflexão e a um agradecimento pelas coisas boas recebidas da Vida durante o ano...

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