segunda-feira, 13 de maio de 2013












                                                                    MÃOS
Mãos em movimentos ágeis de agulhas trançando lãs e linhas, tecendo o enxoval, vestindo o sonho do que virá.

Mãos que amparam aquele que vem à luz: acolhendo, cuidando.

Mãos que se encontram pela primeira vez selando o amor de toda vida – a mão minúscula do bebê segurando forte a mão da mãe e do pai.  

Mãozinhas macias que descobrem o mundo: agarram, puxam,sacodem, prendem, soltam, deslizam, experimentam e aprendem.

Mãos sem medo que fazem de troncos, escadas e de galhos, trapézios; que dobram um papel qualquer em aviõezinhos e navios e com eles seguem em grandes aventuras. Que se lambuzam em gostosuras. Que desenham a imaginação e a colorem em cores vivas.

Mãos que escrevem de garatujas a odisséias. Que contam, que inventam, que juntam palavras que esclarecem, que fazem rir ou chorar. 

Mãos que constroem absolutamente tudo que a humanidade ousou pensar: mãos que curam, mãos que levam e trazem, mãos que alimentam, que fazem o novo e consertam o quebrado, mãos que limpam, que renovam, que transformam.

Mãos que divertem, que deslumbram, que encantam. Que plantam e colhem, que cortam e recortam.

Mãos que se tocam, que se procuram, mãos que abraçam, que consolam, que partilham, que abençoam  quando a alma sente alegria, ou medo, ou dor, ou solidão.

Mãos que aplaudem ruidosas.

Mãos que se postam em reverência, em silêncios, em orações.

Mãos que envelhecem em sabedoria, que se recolhem sobre o ventre guardando sob si a história do mundo. 

Mãos: ferramentas divinas dadas aos humanos para a construção do AMOR. 

Ana Lara _ maio 2013