MÃOS
Mãos em movimentos ágeis
de agulhas trançando lãs e linhas, tecendo o enxoval, vestindo o sonho do que
virá.
Mãos que amparam
aquele que vem à luz: acolhendo, cuidando.
Mãos que se encontram
pela primeira vez selando o amor de toda vida – a mão minúscula do bebê
segurando forte a mão da mãe e do pai.
Mãozinhas macias que
descobrem o mundo: agarram, puxam,sacodem, prendem, soltam, deslizam,
experimentam e aprendem.
Mãos sem medo que
fazem de troncos, escadas e de galhos, trapézios; que dobram um papel qualquer
em aviõezinhos e navios e com eles seguem em grandes aventuras. Que se lambuzam
em gostosuras. Que desenham a imaginação e a colorem em cores vivas.
Mãos que escrevem de
garatujas a odisséias. Que contam, que inventam, que juntam palavras que esclarecem,
que fazem rir ou chorar.
Mãos que constroem
absolutamente tudo que a humanidade ousou pensar: mãos que curam, mãos que
levam e trazem, mãos que alimentam, que fazem o novo e consertam o quebrado,
mãos que limpam, que renovam, que transformam.
Mãos que divertem,
que deslumbram, que encantam. Que plantam e colhem, que cortam e recortam.
Mãos que se tocam, que
se procuram, mãos que abraçam, que consolam, que partilham, que abençoam quando a alma sente alegria, ou medo, ou dor,
ou solidão.
Mãos que aplaudem
ruidosas.
Mãos que se postam em
reverência, em silêncios, em orações.
Mãos que envelhecem
em sabedoria, que se recolhem sobre o ventre guardando sob si a história do
mundo.
Mãos: ferramentas divinas
dadas aos humanos para a construção do AMOR.
Ana Lara _ maio 2013